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sábado, 18 de agosto de 2012

O sorriso dissimulado

         Seco. Muito Seco. A rotina diária numa cidade, longe e esquecida, que mais parece um vilarejo. Assim é a rotina dos moradores de Alixópolis. Seus moradores acordam com pensamentos centrados em seu dia que se inicia, como todos os outros. Mas não são pensamentos sobre coisas para fazer, são pensamentos desolados de como irão suportar mais um dia de existência. Nossa terra sempre foi dura conosco, aqui não se tem nada para se cultivar. Esse era o primeiro pensamento de João do bois, que contraditoriamente tinha esse apelido, pois pensava a cada dia como colocar o feijão em sua mesa, imagina ter bois no pasto...Mas sempre manteve consigo o sonho de um dia ter uma pequena propriedade, João achava um sonho modesto, às vezes, inalcançável. A pequena cidade vilarejo tinha uma grande população à beira da miséria, seu grande sustento era sempre a ajuda de coronéis, que a vista de muitos era a salvação.
            Sempre os mesmos objetivos maquiados por atitudes diferentes. Os dias passam da mesma maneira para todas as pessoas que parecem viver em um tempo distante, um mundo sem mundo. Sem saber sobre o que está acontecendo, as informações são barradas para sua própria segurança e felicidade.
         Mais uma noite vem, chega ao final do dia com os mesmos pensamentos que outrora tivera. João dos bois imagina que as estrelas anunciam o prenúncio de uma solução, uma esperança que nunca se acaba, se aquece mais uma vez ao brilho das estrelas. Ou talvez, o desespero de todos os dias está perto de novamente começar...João se assemelhava em muito com seus vizinhos, a cada dia procurava uma maneira de se sustentar, sem instrução na vida acadêmica suas oportunidades eram aniquiladas. Achava que não tinha inteligência, ou se recusava a ter algo que muitos defendiam como “modo de entender” aquela situação...Na cabeça de João, não tinha espaço para algo que conseguisse compreender aquela situação e ainda fosse clamada pela maioria. Sua esposa Valtira, sempre o acompanhava em sua peregrinação diária, sua luta por algo que lhe rendesse uns trocados, algo que dessa a tal “dignidade” à sua família.
         Seus dias pareciam lutas contra um inimigo invisível que a todo custo tentava suprimi-los de alguma forma que não conseguia enxergá-lo nem dele se esquivar. Viver; angústia de muitos, desespero de João. A dor era o mais próximo sentimento de realidade que poderia experimentar em sua vida. Todos os dias um sorriso misturado a uma melancolia e lágrimas que não saiam de seus olhos talvez para economizar a água em seu corpo que era escassa, tanto quanto a comida em sua mesa.
          Sem que a cidade esperasse, eis que surge assim, de repente como esse escrito, uma solução. Forasteiros. Dois deles chegam à cidade com propostas de solucionar os problemas da população. Curiosidade, ansiedade e esperança agora infestam o coração e pensamento do povo. Será que o fim do sofrimento era esse momento inesperado?
         Eis que os forasteiros começam a fazer o bem pelo povo...Procuram os mais abastados e começam laços de amor e prosperidade, que beneficiem o povo (claro)...Então começam os forasteiros a imaginar o que fazer para população, o que mais o povo queria...? A solução de início vem à mente dos ditos salvadores. Mas uma ressalva deve ser acrescentada; 'A maneira que a palavra solução era entendida pelos forasteiros e pelo povo dista de muitas maneiras.'
          A primeira solução e mais eficaz seria a trindade alimentar: Levedo, proteínas e carboidratos. E essa foi a solução. A analogia imaginada é que a alimentação é a base de tudo, e nela vivemos, pra que mais outra coisa? Pensava um dos forasteiros...Vladimir e Pierre, são nomes bonitos e com pompa, para pessoas que com um belo sorriso dissimulado tentam enganar todos.
     A grande maioria agora seguia em frente com a solução, os forasteiros comemoravam sua vitória, sua boa jogada para melhoria do povo. Mas eis que os forasteiros não imaginavam que de vez em quando sucede que alguém nasce com um germe incomum em sua alma. Os forasteiros não eram tão espertos quanto penssavam...Alguém que não segue as cores aclamadas pela população da pequena cidade, estava a se mover. Ele se sente indignado com tal situação, afinal o que os forasteiros ganhariam? O que eles buscavam em troca da trindade alimentar? Levedo, proteínas e carboidratos?! O povo que quase não tinha alimento o que daria em troca aos benfeitores? Uma palavra confirma, verde e sonora seria uma boa troca...

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